Foco nas necessidades do consumidor, soluções mais rápidas e digitalização do negócio ajudam na fidelização do cliente e manutenção dos lucros

Entregar algo de valor em pouco tempo e aprimorá-lo conforme as necessidades: essa é a ideia das metodologias ágeis e de inovação, que fazem parte da rotina de startups e do universo da tecnologia. E com a necessidade de se adaptar às novas demandas, especialmente durante a pandemia, a inovação vem sendo necessária independentemente do segmento, incluindo o food service.

De início, pode parecer estranho adotar etapas como prototipação de soluções e validação de mercado nos negócios de alimentação, mas este é um setor que está em constante atualização, de olho nas tendências e buscando atender às demandas do público. Apesar de ainda estar caminhando para a inovação nos processos e produtos, as food techs (empresas que utilizam a tecnologia no desenvolvimento dos produtos alimentícios) já impactam o setor. O estudo Liga Insights Food Techs mapeou 332 startups brasileiras no ramo alimentício e estima que em 2022 o mercado de food techs atinja um valor global de R$980 bilhões.

Espaço para inovar no food service tem de sobra: atualmente, aproximadamente 27% do faturamento total do mercado de alimentos é gerado pelo segmento de serviços alimentares. Os consumidores andam mais atarefados, comendo mais fora de casa ou pedindo delivery, buscando novas experiências de consumo em relação à alimentação e alimentos mais nutritivos (94% dos latino-americanos afirmam que pretendem pagar mais por produtos com atributos saudáveis). A inovação deve atender, portanto, aos requisitos de comodidade, praticidade, boas experiências, nutrição e sustentabilidade.

A inovação aplicada na criação de empresas de food service
Um exemplo de empreendimento que usou as metodologias ágeis para contribuir com a experiência do consumidor é o Restaurante Allma, no Rio de Janeiro, primeira rede de restaurantes flexitariana do Brasil. De olho nas necessidades do consumidor e com a facilitação da Consultoria 16 01, o empreendimento foi criado como um negócio físico com mentalidade digital, pensando em inovação e economia criativa. Durante o processo de criação, eles perceberam que a essência do negócio era, mais do que comida saudável, a comida flexitariana, que consiste na redução do consumo de alimentos de origem animal. A redução no consumo de carne, aliás, é uma das tendências que estão vindo para ficar. O restaurante usa apenas ingredientes naturais e orgânicos e traz inovações tecnológicas como cardápio em QR Code, que lança o pedido diretamente à cozinha, outra tendência no food service, que consiste na automatização do atendimento.

“Um dos exemplos práticos foi o uso do que chamamos de sprint gastronômico para que o cardápio final nascesse de uma iniciativa de colaboração e cocriação desenvolvido a partir das reais necessidades do público, solucionando as diferentes dores encontradas nesse mergulho. Com o sprint, criamos 34 receitas literalmente prototipadas e preparadas na cozinha em apenas 2 dias. Ao final, consumidores degustaram ao vivo os pratos e deram notas para avaliação” explica o especialista em inteligência de mercado Leonardo Brazão, sócio fundador da 16 01. Cocriação, resultado em tempo mínimo e atender as dores do público fizeram parte da criação do restaurante, em um processo bastante semelhante ao do nascimento de uma startup.

Mas usar as metodologias de inovação não serve apenas para novos negócios. Quem já está no ramo do food service pode se beneficiar aprendendo a reagir mais rápido frente às novas necessidades dos consumidores e às transformações digitais, trabalhando assim para a fidelização do cliente.

Como aplicar a mentalidade de inovação no segmento
Seja para criar novos projetos em food service ou melhorar os já existentes, Leonardo Brazão separou algumas dicas de como se familiarizar com o tema, usar as ferramentas de inovação e beneficiar o negócio alimentício:

1. Pesquise o mercado
Em todo segmento de mercado, a pesquisa é ferramenta importante para definir as estratégias. Já existem empresas que oferecem pesquisas no ramo, como a Galunion, especializada em alimentação e que se define como catalisadora de conhecimento, network e inovação em prol dos negócios e profissionais do food service. Pelo site, é possível acompanhar estudos sobre tendências de mercado e desejos atuais dos consumidores e se inspirar nos dados para trazer inovação e tornar a empresa mais competitiva. Mas também é fundamental ter atenção aos dados do próprio negócio, conhecendo seu público e sabendo o que eles desejam ou necessitam. E isso é possível por meio de feedback dos clientes, que pode ser realizado por meios digitais, como pesquisas por e-mail ou aplicativos próprios.

2. Aplique as metodologias ágeis
Metodologias ágeis ou Método Ágil é uma disciplina que estuda um conjunto de comportamentos, processos, práticas e ferramentas utilizados para a criação de produtos e sua subsequente disponibilização para os usuários finais. Elas existem para trabalhar diretamente com o consumidor, entendendo seus anseios e fornecendo soluções de forma rápida.

Por exemplo: se a necessidade do consumidor durante a pandemia é receber seu pratos preferidos em casa, fazendo o pedido de forma simples, a equipe do restaurante pode se reunir diariamente para analisar as possibilidades e encontrar formas de oferecer o delivery rapidamente, como a entrada em um marketplace de produtos alimentícios ou a adoção de cardápios online cujo pedido é enviado direto por WhatsApp.

Na metodologia ágil, a reunião com a equipe costuma ser diária, porém com duração curta, para apresentar as tarefas de cada um e os resultados do dia anterior. Uma vez finalizado o chamado “sprint”, ou seja, a etapa do processo, é possível acompanhar os feedbacks dos consumidores, analisar se ainda há demandas e buscar novas metas, pensando em formas de melhorar a experiência do consumidor. Pode acontecer de o empreendimento ter que abandonar a estratégia e partir para outras, porém, com planejamento e estruturação, isso se torna mais raro.

3. Conheça as tendências
A última pesquisa realizada pela Galunion com operadores de food service mostrou que, se eles pudessem fazer pedidos aos fornecedores (como indústrias, distribuidores e serviços), 55% deles pediriam mais inovação para aumentar vendas e facilitar a operação do negócio e 44% gostariam de ajuda na transformação digital e gestão baseada em dados. Uma vez que já se percebe que a inovação é fundamental para a fidelização do cliente e manutenção ou aumento do lucro, empresas de consultoria como a 16 01 podem ajudar empresários do ramo a mudar a forma de se adaptar às novas necessidades do consumidor.

Os negócios 100% delivery e para levar, por exemplo, já contam com formatos diferentes, como as dark e cloud kitchens, que são estabelecimentos sem salão e com foco em vendas digitais. “Uma modalidade de restaurante que tem se expandido é o restaurante virtual que resolve se instalar em um coworking de cozinhas, compartilhando alguns benefícios por estar dentro deste tipo de empreendimento. Chamamos de dark kitchen de terceiros, quando o empreendimento é focado na parte imobiliária, ou seja, oferece infraestrutura e cobra apenas aluguel e condomínio, e não tem muitos serviços adicionais característicos de empresas especializadas em food service, mas sim de empresas especializadas em gestão de condomínios e imóveis”, explica a fundadora e CEO da Galunion, Simone Galante. Para ela, o delivery veio para ficar, porém ainda não existe um modelo final – ainda há muito o que ajustar tanto nos modelos de distribuição e entrega ao consumidor quanto na parte econômica de alguns modelos de negócio.

“Cabem, portanto, aos empresários do setor analisarem muito bem como irão aproveitar as oportunidades e minimizar os riscos. Já pela ótica do consumidor, sabemos que os hábitos ligados à conveniência do delivery se solidificam. Resta saber se evoluiremos na geração de experiências memoráveis neste formato de negócios na velocidade necessária”, complementa Simone Galante.

Fonte: Consumidor Moderno

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