Você sabe o que é “pivotar”? Adotado por empreendedores de startups, o verbo tem sido ainda mais conjugado durante a pandemia. Uma derivação do inglês “to pivot” (girar), o termo aportuguesado significa algo como “dar uma guinada radical” e ajuda a explicar o momento deste tipo de negócio. Ainda que estejam aliadas com muitas tendências de um cenário cada vez mais tecnológico, as startups também foram desafiadas e sabem que, após entender um momento até então desconhecido, precisam reagir para sobreviver.

“A crise faz despertar esse instinto de sobrevivência que gera inovação. Aquelas que conseguirem sobreviver podem dar uma remanejada, pivotar para um novo cenário, e novas startups podem surgir porque encontraram uma oportunidade de fazer algo novo”, avalia o professor Newton Campos, coordenador do Centro de Estudos em Private Equity e Venture Capital da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo (FGVcepe).

A Numenu é um exemplo: a startup, fundada em 2017, encontrou na pivotagem a saída para sobreviver à pandemia. Criada para oferecer um serviço de conveniência em carros de aplicativo, ela também foi afetada com a queda no número de corridas, mas agiu rápido ao perceber o risco. A alternativa foi mudar o modelo de negócios e oferecer uma tecnologia para condomínios residenciais.

“A pandemia forçou a gente. Se (a Numenu) não tivesse feito nada, teria morrido. Foi uma pivotagem de sobrevivência”, explicou o fundador da startup, Rafael Freitas.

A startup, segundo ele, aproveitou o que tinha de forte – a tecnologia e a parceria com as marcas – para chegar ao novo modelo: uma loja de conveniência autônoma, 24 horas, com itens como bebidas, petiscos e produtos de higiene. É uma espécie de minimercado. O morador compra pelo aplicativo e retira na estação. E parte das vendas é repassada aos condomínios.

Com o isolamento social, o resultado foi imediato, mas a expectativa é que os consumidores seguirão usando o serviço – hoje disponibilizado na cidade de São Paulo e região metropolitana – quando a pandemia passar. “Hoje, a gente fatura cinco vezes mais. A flexibilização aumentou muito e nosso faturamento tem crescido. Não é um serviço que funciona só em época de pandemia”, considerou.

A realidade, no entanto, é diferente para muitas startups. Para o professor Newton Campos, os segmentos que cresceram com a pandemia ainda são considerados minoria. Para grande parte, na opinião do professor, o momento é de incerteza, o que afeta também a previsão de fluxo de caixa. Embora considere que muitas terão dificuldades em sobreviver, ele cita um “clichê” para afastar o pessimismo.

“Essas crises são uma ótima oportunidade para acelerar coisas que você estava esperando para fazer e não fazia. A maioria das grandes startups surge em momentos de crise. Se tem algo positivo para olhar é que essa pressão da sobrevivência pode ser a desculpa perfeita que aquele empreendedor estava esperando para tomar a ‘decisão louca’, que é fazer aquele processo diferenciado”, afirma.

Inovação no DNA

É justamente o DNA que faz o diretor executivo da Associação Brasileira de Startups (Abstartups), José Muritiba, olhar para frente com esperança, sem desconsiderar a crise. Hoje, ele vê um cenário um pouco diferente do início da pandemia e acredita que início foi mais complicado pelo desconhecido.

“Começo a ver com bons olhos e a enxergar que começamos a encontrar boas práticas. As startups têm no DNA a capacidade de adaptação ao meio, de renovação, de mudança de direção, reformulação”, destaca.

Em breve, a Abstartups divulgará uma pesquisa com o mapeamento das startups brasileiras, que deve revelar os impactos da pandemia. O interesse das empresas em inovação também é visto como um aliado na busca por investimentos.

“Neste momento, qualquer tipo de investimento é dado em inovação. As startups têm uma fórmula eficiente, que consegue atender essas demandas, de otimização, expansão, e em paralelo o mercado de investimento começa a sinalizar uma melhoria”, analisa.

O que é pivotar

O conceito, do autor americano Eric Ries, vem do termo “to pivot”. A pivotagem está sempre relacionada ao modelo de negócio e com a forma como o negócio mudou. Se ele só criou um produto novo, um serviço novo, mas o modelo de negócio não mudou muito, não se trata de uma pivotagem, mas um incremento, uma melhoria.

Newton Campos cita alguns exemplos de pivotagem: um negócio que antes vendia e passou a alugar, ou um serviço que vendia para idosos e vai passar a vender para bebês. É voltar para o início do processo empreendedor e fazer outra coisa com os mesmos recursos.

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7 respostas

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